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Lupa

O Matutina Meyapontense

Pirenópolis foi sede do primeiro jornal do Centro Oeste do Brasil, o Matutina Meyapontense, de 1830, e o primeiro jornal do Brasil editado fora de uma capital. Por isso é considerada o Berço da Imprensa Goiana.

Como as primeiras luzes do amanhecer

Nº 1 Sexta feira - 5 de março de 1830
Nº 1 Sexta feira - 5 de março de 1830

Em 1829, o comendador Joaquim Alves de Oliveira adquiriu no Rio de Janeiro uma oficina tipográfica, trouxe-a para Meya Ponte (antiga Pirenópolis) em lombos de mulas e fundou a Typografia de Oliveira, no casarão da Rua Nova, onde funcionava o Museu da Família Pompeu. Em 5 de março de 1830, fez publicar o Matutina Meyapontense, o primeiro jornal do Estado de Goiás, de todo o Centro Oeste, Norte brasileiro e o primeiro jornal brasileiro publicado fora de uma capital. O jornal, um marco na imprensa nacional, publicava os atos dos governos provinciais de Mato Grosso e Goiás. Circulou de 5 de março de 1830 a 24 de maio de 1834, totalizando 526 edições.

Seu redator-chefe era o padre Luíz Gonzaga de Camargo Fleury, ilustre pirenopolino. Versado nas artes literárias, fez carreira eclesiástica em São Paulo, de onde voltou com formação em Latim, Teologia Dogmática, Retórica, Filosofia, Eloquência Sagrada, Moral e outras. Ocupou vários cargos públicos junto ao Governo da Província. O Matutina teve também colaboradores relevantes, como o Pe. Luiz Antônio da Silva e Souza, historiador, político e poeta que ajudou a enriquecer ainda mais a alma desse periódico, e vários correspondentes nas províncias de Goiás e de Mato Grosso.

Jornal de características liberais, publicou diversas notícias, sempre defendendo os direitos humanos, a ética e a cidadania. Recebia cartas com codinomes e publicava-as na íntegra. Com humor, bom senso, liberdade e seriedade, deixou-nos um legado histórico marcante do Brasil Central imperialista e distante dos grandes centros.

Seu nome reflete a ideologia do comendador Joaquim Alves, o Iluminismo. Matutina é o nascer do dia, os primeiros raios de sol, como explicado em sua edição inaugural: "cuja luz pouco clareia, mas como não se lhe pode negar ser a precursora do dia". Nesta edição ele assumia a sua audácia em trazer um periódico para o longínquo sertão e a intenção de iluminar espíritos com leitura e informação esperando um futuro promissor para Goiás e para o Brasil.

Fontes: Pirenópolis Coletânea 1727-2000, Adelmo de Carvalho; A Imprensa Matutina, de José Mendonça Teles.

Veja Também: O Matutina Meyapontense original em acervo da Biblioteca Nacional

Biografia do Comendador Joaquim Alves de Oliveira.

Biografia do redator Luiz Gonzaga de Camargo Fleury.

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