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Lupa

Antônio da Costa Nascimento - Tonico do Padre

Mais conhecido como Tonico do Padre, foi multi-artista: compositor, maestro, músico, pintor, poeta, desenhista, carpinteiro, marceneiro, professor e tantas outras virtudes que fizeram com que esta personalidade deixasse para posteridade um amplo legado em pinturas, desenhos e, principalmente, peças musicais.

Artista versátil e multimídia, até mesmo com sapos e trovões

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Fonte: www.cidadedepirenopolis.blogspot.com

Antônio da Costa Nascimento (Pirenópolis, 28.12.1837 – 15.02.1903), apelidado Tonico do Padre por ter sido criado pelo irmão padre Francisco Inácio da Luz. Foi Escrivão de Órfãos de Pirenópolis, exímio maestro e compositor, carpinteiro, marceneiro, pintor, desenhista, Juiz Substituto e tenente da Guarda Nacional. Foi também mestre-de-capela da Matriz de Pirenópolis, a partir de 1867, juntamente com Teodoro Graciano de Pina, responsável pela música vocal. Exerceu o ofício de professor de música, e entre os seus alunos estava Joaquim Propício de Pina, o Mestre Propício, que mais tarde fundaria a Banda Fênix, arquirrival da Euterpe de Tonico.

Casou-se com Maria Francisca Duarte em 12.02.1871. Depois de viúvo casou-se novamente com Virgínia d'Abadia Carvalho (7.2.1892), com quem teve Jaci do Nascimento (Pirenópolis, 17.3.1893 – 24.5.1935).

Tonico do Padre tinha uma personalidade forte, sempre bravo e irritado, não sorria nunca e nem amolecia com seus músicos, que muito o temiam e admiravam. Comandou a Banda Euterpe de 1868 a 1903, quando faleceu. Era descendente de paulistas, da família Rodrigues Nascimento, filho do ilustre professor de primeiras letras e exímio músico José Inácio do Nascimento (1787 – 1850) e de Ana da Glória.

Antigo forro da capela da Igreja matriz destruído
Antigo forro da capela da Igreja matriz destruído

Com a palavra, Jarbas Jayme: “É bem longo esse período de trinta e cinco anos, durante o qual, não obstante seu temperamento irritável e sempre mal humorado – até mesmo com os de sua casa – dirigiu Antônio da Costa Nascimento, com energia e férrea disciplina, a famosa banda, que arrancou de Oscar Leal [Veja seu relato de viagem] o seguinte conceito:' Uma das melhores corporações musicais do estado goiano é a que dirige em Pirenópolis o cidadão Antônio do Nascimento, o que é raro encontrar nestes centros”.

Sobre o pai de Tonico do Padre, e para conhecermos melhor como nasceu tão grande músico, conta-nos Pina: “O professor José Inácio do Nascimento está entre os mais conceituados artistas de Meia Ponte. No magistério foi mestre de outros mestres; na música foi instrumentista do conjunto musical erudito que existiu no início do século XIX, compositor e regente da Orquestra e coro da Matriz; no teatro atuou como diretor, ensaiador e ator, atuações que lhe deram um destacado papel na vida cultural de Goiás. É certo que o professor Nascimento não constituía uma força isolada. Como nato em Meia Ponte e sem dela jamais ter saído, ao que nos consta, sua formação intelectual e artística deveu-se aos primeiros e velhos mestres que se ocuparam da formação da intelectualidade dos goianos e de sua arte. O professor Nascimento era músico do conjunto instrumental do Pe. José Joaquim Pereira da Veiga (1770 – 1840). Conviveu certamente com os músicos Hilário dos Santos Silva, Manoel Joaquim Batista e outros muitos que compuseram a segunda geração de artistas meiapontenses”.

Como pintor, Tonico do Padre pintou o forro da capela-mor da Matriz de Pirenópolis, entre 1863 e 1864, juntamente com Inácio Pereira Leal, onde se via a padroeira Senhora do Rosário cercada de anjos, tendo o Menino Jesus nos braços e ao fundo a imagem do paraíso. Essa pintura foi totalmente destruída no incêndio que destruiu o velho templo.

Banda Euterpe
Banda Euterpe

Sua atividade como músico foi bastante intensa. Ele criou um famoso método para flauta. Foi excelente clarinetista, flautista, saxofonista, compositor e regente. A jornalista Rute Guedes escreveu uma extensa matéria no jornal O Popular do dia 15.02.2003, sob o título TALENTO DE VOLTA À LUZ, numa referência ao curta-metragem produzido por José Lino Curado, “MESTRE-CAPELA TONICO DO PADRE”, onde atuou como ator Guido Campos Correa.

Certo dia, em 1888, Tonico sentou-se à beira do rio das Almas e escutou o ribombar distante dos trovões, com a saparia naquele coaxar que prenuncia temporal. Com pouco tempo já estava ele todo ensopado e com a cabeça cheia de inspiração. Nascia ali o Concerto dos Sapos, uma suíte (movimentos instrumentais tocados sem interrupção) que recria o aproximar da chuva e começa com o ribombar forte dos tambores na imitação dos trovões. Mostrou a obra aos seus músicos e ouviu uma grande gargalhada de deboche. Ficou tão contrariado que recolheu as partituras, guardou-as e nunca mais quis apresentar a peça. Somente no início da década de 1970, mais de oitenta anos depois, foi o Concerto dos Sapos novamente interpretado, agora pela Banda Fênix, que gravou um disco lindo no coro da Matriz de Pirenópolis.

O falecido maestro Braz Wilson Pompeu de Pina Filho dedicou boa parte de sua vida a pesquisar e catalogar a obra magnífica de Tonico do Padre. Pina consultou os arquivos da Banda Euperte, Fênix, do Teatro de Pirenópolis, além de vários arquivos pessoais, e chegou à seguinte catalogação:

HINOS

  • Hino do Divino 1899
  • Hino Estadual Goiano 1890
  • Motetos das Dores 1901
  • Hino do Sagrado Coração de Jesus
  • Hino ao Menino Deus 1900
  • Hino 12 de Maio 1899
  • Litania 3º a N. S. do Rosário 1899
  • Novo Padre Nosso 1901
  • Novo Te Deum Laudamus 1873
  • Subtuum 1892
  • Subtuum 1899
  • O Salutaris Hostia 1892

MISSAS

  • Missa de 30$000 1877
  • Missa de N. S. da Abadia 1888

NOVENAS, LADAINHAS

  • Ladainha Irlandesa 1892
  • Novena do Boa Morte 1876
  • Ladainha Nascimento 1885
  • Ladainha ao Sagrado Coração de Jesus 1902
  • Jaculatória à N. S. do Rosário 1899
  • Novena de N. S. da Abadia 1888

MARCHAS FÚNEBRES

  • Passos em Pirenópolis 1894
  • O Grande Rabino 1894

MARCHAS

  • Tome Rícino 1889
  • Crowatt 1887
  • O Cabeleira Pernambucano 1888
  • 3 de Outubro 1897
  • Santo Antônio da Mato Grosso 1898

QUADRILHAS

  • 16 de Junho 1900
  • 18 de setembro 1896
  • Carmélia 1895
  • Pequi 1887
  • Virgínia 1890
  • Comissão do Planalto 1892
  • Zulmira 1892
  • Viegas Escafedeu-se 1887
  • Harmonias do Coração 1892
  • Jacy 1893
  • Tim Tim por Tim Tim 1893
  • Sempre Chorando 1896
  • Deodato 1897

VALSAS, TANGOS, HABANANEIRAS, SCHOTTISCH, POLKAS

  • Mariquita – Grande Valsa 1891
  • Quem Mandou Sapateiro Tocar Rabecão 1892
  • Virgínia 1896
  • Os Teus Anos 1886
  • O Gemido da Rola 1894
  • Cacete 1884
  • Le Oiseau 1884
  • Sertaneja 1884
  • Recordações de um Amigo 1884
  • Saudades da Vidinha 1884
  • Dalila 1884
  • Mariposa 1897
  • A Sinhá 1889
  • D. Emma Carlson Cuiabá 1892
  • Rosita de la Plata e Outras 1890

TANGOS

  • Oh Ma Estrela 1877
  • Os Teus Anos 1880

HABANEIRAS

  • Pirenópolis 1892
  • A Hesperidiana 1877
  • Santa Cruz 1976
  • Tentação 1877
  • A Hesperidiana nº 2 1877
  • A decisão do Governo 1891
  • Dá cá o Pé, Papagaio 1877

SCHOTTISCH

  • Si Si 1902
  • Uma nova Abaixo de Dó 1902
  • Sempre Alegre 1896

GALOPE

  • Jacy 1899

PALKAS

  • Alberto Augusto 1889
  • Arlinda 1889

CANÇONETA

  • Cantata para Festim 1878

FANTASIAS

  • Noite de Inverno
  • Amor de Pai

SUITE

  • Concerto dos Sapos 1888

TEATRO

  • Música para as peças:
  • Gonzaga 1889
  • Cancros Sociais 1893
  • Três Noivos Distintos e um só Verdadeiro 1881
  • Cançoneta de Telúrio do Fantasma Branco 1885

Todo o arquivo musical e os desenhos de Tonico do Padre foram adquiridos por Pompeu Christovam de Pina, de Sinhazinha Ladário, neta do músico, e encontram-se hoje no acervo do Museu da Família Pompeu, localizado na rua Nova, Pirenópolis, Goiás.

Fonte: www.cidadedepirenopolis.blogspot.com

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