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Lupa

Jarbas Jayme

Tratado respeitosamente por Professor Jarbas Jayme, é, certamente, o pai da historiografia de Pirenópolis. Grande genealogista deixou diversas obras sobre pessoas e famílias locais. Professor, jornalista, genealogista e historiador, seus trabalhos são, ainda, os mais avantajados e acurados estudos pirenopolinos.

Na memória das letras, o estudo pirenopolino

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Nasceu em 19 de dezembro de 1895, na fazenda denominada “Água Limpa”, no município de Pirenópolis, pertencente a seus progenitores, Sisenando Gonzaga Jayme e Eugênia Goulão.

Realizou os primeiros estudos em sua terra natal com os professores Joaquim Propício de Pina ( Mestre Propício), José Avelino e Ana das Dores Brandão. Fez o curso secundário no arraial de Ouro Fino, município de Goiás, antiga capital do Estado, no velho Seminário de Santa Cruz. No Seminário, hauriu os profundos conhecimentos que possuía de história, geografia, português, latim e francês, língua que falava fluentemente. Sob a influência do bispo Dom Prudêncio Gomes da Silva, de imperecível memória, chegou a cogitar, naquela vetusta casa de ensino, a possibilidade de ser padre, mas a vocação sacerdotal morreu logo.

Em 5 de julho de 1915, casou-se com Maria Diná Crispim, anapolina de velha cepa, que conhecera em namoros furtivos e à distância, no Colégio Imaculada Conceição, de Pirenópolis, onde foi aluna interna.

Em 1923, passou a residir na cidade de Anápolis, então burgo modestíssimo, com pouco mais de mil habitantes. Ali, inicialmente, exerceu o comércio, que logo abandonou para dedicar-se a outras atividades mais consentâneas com o seu preparo intelectual. Em Anápolis, durante mais de dez anos, exerceu o magistério e inúmeras funções públicas relevantes.

De Anápolis mudou-se para Bonfim, atual Silvânia, onde residiu dois anos, com a família, e exerceu o cargo de Fiscal Geral do Município, além do magistério no Ginásio Arquidiocesano Anchieta.

Depois, transferiu-se para Pirenópolis, de onde, depois de exercer importantes funções públicas na Prefeitura local e de lecionar na extinta Escola Normal “Padre Gonzaga” como um de seus fundadores, mudou-se para Mataúna, hoje Palmeiras de Goiás, havendo ocupado, nessa cidade, os cargos de Secretário da Prefeitura e, por duas vezes, o de Prefeito Municipal. Na mesma cidade, lecionou na Escola Normal “Gercina Borges Teixeira”.

Em 1951, transferiu residência para Goiânia, sendo nomeado Chefe de Polícia do Estado, cargo correspondente, hoje, ao de Secretário de Segurança Pública, e que exerceu por mais de três anos.

Jarbas Jayme dedicou-se ao jornalismo cerca de quarenta anos ininterruptos. De sua pena brilhante e muitas vezes agressiva saíram milhares de artigos para jornais goianos e do Triângulo Mineiro.

Foi colunista constante da “Revista Genealógica Brasileira”, de São Paulo, como sócio e conselheiro efetivo do Instituto Genealógico Brasileiro. Era membro do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás, porém, apesar de insistentes convites, jamais concordou em concorrer a uma cadeira na Academia Goiana de letras, que lhe tributou justa homenagem póstuma, instituindo a cadeira nº 34 de que Jarbas Jayme é patrono.

Publicou várias obras, cuja edição lhe custou tremendo sacrifício financeiro, pois era homem sabidamente pobre: Cinco Vultos Meiapontenses”, retrato biográfico de pirenopolinos ilustres; “Do Passado ao Presente”, genealogia completa de importantes troncos familiares goianos, trabalho de acurada pesquisa, que denominou, modestamente, de “Ensaios Genealógicos”; “Vale Seis”, obra de crítica genealógica em que, numa linguagem polêmica, espanca dúvidas sobre a origem da família Fleuri e exibe farta e irrespondível documentação histórica; “Anedotário Meiapontense”, chistes e piadas que retratam a vivacidade mental e a presença de espírito da gente pirenopolina. Deixou inéditas as seguintes obras, resultado de mais de 30 anos de labor pertinaz, de cansativas buscas em velhos arquivos, roídos pelas traças: “Esboço Histórico de Pirenópolis”, em dois alentados volumes; “Famílias Pirenopolinas”, em cinco grandiosos volumes, onde fez o levantamento linhagístico total de mais de cem famílias de origem meiapontense; “Os Sumos Pontífices”, grande trabalho histórico sobre os papas, a partir de São Pedro, concluído poucos meses antes da morte do biografado; e, finalmente, “História das Casas de Pirenópolis”, com farta documentação fotográfica. Dessas obras, deixadas inéditas, resta apenas a publicação das duas últimas.

A par dessa intensa atividade intelectual, Jarbas Jayme encontrava tempo para manter volumosa correspondência com amigos e parentes, colegas de imprensa, historiadores, linhagistas e políticos, de Goiás e de vários pontos do País, conforme atestam seus arquivos.

Residindo em Pirenópolis a partir de 1955, sua casa foi sempre centro de peregrinação obrigatória de todos quantos demandavam a velha Meia-Ponte, seja para matar saudades, seja para conhecer as tradições, a feição colonial e o folclore da vetusta cidade. Conversador fluente, brilhante e culto, Jarbas Jayme a todos encantava com a sua prosa magnífica, que transformava as horas em minutos.

De seu casamento com Maria Diná Crispim Jayme, deixou os seguintes filhos: José, Sisenando, Jarbas, Célia, Tasso, Paulo, Haidê e Décio. Enviuvando-se, casou com sua prima Dailde de Araújo Goulão, com quem teve Fábio, Eugênia e Celestina. Teve ainda Lázara Fernandes, que sempre reconheceu como sua filha.

Faleceu o professor Jarbas Jayme, na madrugada do dia 21 de julho de 1968, no Hospital Evangélico de Anápolis, minado por dolorosa e crônica enfermidade, que lhe vinha destruindo o físico, lenta e pertinazmente, há mais de vinte anos. Foi sepultado em Pirenópolis

Fonte: Extraído de "Pirenópolis (Humorismo e Folclore)" de José Sizenando Jayme.

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