Menu
Menu
Lupa

Coronel Chico de Sá

Personalidade histórica que viveu na virada do século XIX para XX, deixou vasta descendência e muitas obras, tanto no campo da política e sociedade como na construção civil. Nascido escravo e alforriado no ato de seu batismo, tornou-se hábil comerciante de gado, fazendeiro e dono de muitas casas. Foi vereador em vários mandatos e tinha o maior eleitorado da época. Sua influência dominava na política e é tido na memória como um homem de caridade.

Nascido escravo com grande descendência, tornou-se um dos mais influente homem de sua época

imagem

Extraído integralmente do blog www.cidadedepirenopolis.blogspot.com de Adriano César Curado

"Francisco José de Sá (Pirenópolis 29.01.1861 – 07.11.1938) foi um abastado comerciante pirenopolino, que muito contribuiu para o desenvolvimento da cidade, grande incentivador das artes e da cultura locais.

Nasceu escravo, como sua mãe, mas foi alforriado no ato do batismo pela quantia de 32 oitavas de ouro (128 gramas)(1), paga pelo seu pai, José Joaquim de Sá, que inclusive o legitimou e o levou para casa para criá-lo. Casou, aos 25 anos, com Antônia Lina da Costa (Antoninha), com quem teve quatro filhos e seis filhas. Deixou grande descendência.

Chico de Sá sabia apenas ler e escrever, mas possuía um tino comercial muito forte. Então, com uma pequena quantia adquirida como pagamento por viagens feitas a terceiros, começou a negociar na compra e venda de fumo e gado. Aprendeu rapidamente as “manhas” do ofício e logo obteve considerável lucro. Adquiriu tropas de mulas para transporte de mercadorias para fora de Goiás e começou a investir em terras e na construção civil. Há em Pirenópolis, até hoje, diversos casarões edificados por Chico de Sá.

Com o tempo, tornou-se ele uma espécie de banco particular na cidade, com empréstimos a juros. Seus negócios cresceram tanto que ele abriu uma filial de sua loja em Palmeiras de Goiás e a entregou para gerência do irmão legítimo Horácio Alfredo de Sá, a quem amparou. Quando faleceu, era o homem mais rico de Pirenópolis, o maior proprietário urbano e rural do Município, com respeitável rebanho bovino. Deixou aos seus herdeiros muito dinheiro, joias e títulos.

Esse homem tem uma biografia extraordinária, pois nasceu afundado na adversidade – negro, filho ilegítimo, baixo, gordo, barrigudo, feio, gago, semianalfabeto – mas ainda assim conseguiu fazer fortuna e galgar incomparável posição social, financeira e política em Pirenópolis e também em Goiás.

Com tamanho patrimônio, investiu em sua maior paixão – a política. Foi vereador de 1887 a 1889, ainda no Império. Na República, foi vereador de 1893 a 1895, de 1911 a 1915 e de 1915 a 1919. Só não foi intendente municipal (hoje prefeito) ou deputado estadual porque não quis. Mas elegeu muitos intendentes, vereadores e deputados. Seu domínio sobre o eleitorado rural de Pirenópolis perdurou por décadas, e há até um registro fotográfico, feito em 19.9.1923, quando em dia de eleição ele adentra pelo Largo da Matriz com seu eleitores moradores das fazendas.

Construiu o maior casarão de Pirenópolis à época, no Largo do Rosário, local onde muitas vezes se decidiu os rumos da política na província de Goiás.

Foi sorteado Imperador do Divino em 1917, 1933 e 1937. A festa de 1917 foi a maior de que se tem notícia em Pirenópolis. Durante os dias de novena e das Cavalhadas, a cidade toda comeu empadões, pastéis, doces finos, quitandas e bebeu muito vinho à custa do Coronel Sá. Nunca se queimaram tantos foguetes de rabo e as roqueiras e pichorras deixaram o Largo da Matriz e do Rosário completamente esburacados.

Apesar de muito rico, era querido e admirado pelos pirenopolinos, pois a caridade sempre foi sua marca. Graças às suas generosas doações, muitos conterrâneos seus puderam estudar nos seminários e conventos do Rio de Janeiro e São Paulo, um sonho dificílimo para a época. Também ajudou a manter restauradas as igrejas de Pirenópolis, incentivou o teatro e outras artes, ajudou na manutenção das bandas de música Fênix e Euterpe etc.

Quando o Coronel Sá faleceu, em 07.11.1938, Pirenópolis muito se entristeceu, pois perdia uma figura forte de sua história. Seu enterro foi com grande pompa, acompanhado por uma multidão, ao som de banda de música e orações da Irmandade do Santíssimo Sacramento, da qual fazia parte.

Pelo seu exemplo incomum de luta contra as adversidades e pela salutar ajuda ao desenvolvimento de Pirenópolis e à melhoria de vida de sua gente, o Coronel Chico de Sá merece figurar entre nossos biografados."

Adriano César Curado

Fonte: www.cidadedepirenopolis.blogspot.com

elemento decorativo