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A história da devoção de Nossa Senhora do Carmo em Pirenópolis

A devoção a Nossa Senhora do Carmo (Nossa Senhora do Monte Carmelo) tem origem no século XII, quando um grupo de eremitas começou a se formar no monte Carmelo, na Palestina, terra Santa, iniciando um estilo de vida simples e pobre ao lado da fonte de Elias, que se estendeu ao mundo todo. A palavra Carmo, corresponde ao monte do Carmo ou monte Carmelo, em Israel, onde o profeta Elias se refugiou. A palavra Carmo ou Carmelo significa jardim.

A história da devoção de Nossa Senhora do Carmo em Pirenópolis
Imagem de Nossa Senhora do Monte Carmelo,existente no trono da Igreja do Carmo de Pirenópolis. Foto: Marcos Ribeiro

Por Marcos Ribeiro

A ordem dos carmelitas venera com carinho a Virgem Maria, venerada com o título de Bem Aventurada Virgem do Carmo. Devido ao lugar, esse grupo foi chamado de carmelitas. Lá, esse grupo de eremitas construiu uma pequena capela dedicada a Senhora do Carmo. Posteriormente os carmelitas foram obrigados a ir para a Europa fugindo da perseguição dos muçulmanos. Assim se espalhou ainda mais a devoção à Nossa Senhora do Carmo, chegando a Pirenópolis logo nos primeiros anos de povoação.

Motivado pela fé, em 1750 o abastado minerador Luciano Nunes Teixeira e seu genro Antônio Rodrigues Frota, edificaram a Igreja de Nossa Senhora, do Carmo para servir de capela particular e, assim neste ano de 2021, comemoramos os 271 anos da devoção.

No início da povoação de Meia-Ponte, Antônio Rodrigues Frota era proprietário da porção à esquerda de quem sobe o Rio das Almas. Seu nome foi cedido ao Morro do Frota, que o eternizou. Construiu também um palacete conhecido popularmente como castelo do Frota, edificação de 2 andares que se localizava onde hoje é a Pousada dos Pireneus. Com a morte de Frota e todos os seus descendentes, a Igreja foi ruindo, e já no desenho de Burchell (1827), encontra-se com as paredes escoradas.

Em 1868, foram feitas grandes alterações que a colocaram com a aparência semelhante da atual, sendo também entronizada a imagem de Nossa Senhora da Boa Morte, proveniente da demolição da Igreja que existia no Bairro Alto da Lapa. Neste período, o pirenopolino Pe. José Inácio da Luz (primeiro pároco de Anápolis), assumiu a Igreja, construindo ao lado sua residência, sendo também enterrado na Igreja. Em 1935-37, a Igreja foi reformada e alterada para o estilo "art déco", reforma custeada pela Família Valle Curado, vendendo bolos e quitandas para a realização da obra.

Em meados de 1937, Dom Emanuel Gomes de Oliveira então Arcebispo de Goiás, conseguiu com seu irmão Dom Helvécio Gomes de Oliveira, então Arcebispo de Mariana a vinda das Irmãs Carmelitas da Divina Providência, fundando o Colégio Arquiepiscopal Nossa Senhora do Carmo. Neste período, ocorreu a demolição da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, sendo levado para a Igreja do Carmo os retábulos.

Em 1976, por iniciativa de Pompeu Christovam de Pina, a igreja resgatou seu estilo colonial e iniciou-se o processo de transformação em Museu de Arte Sacra. De lá para cá, nestas 03 últimas décadas, a igreja manteve-se quase sempre fechada, em busca do tão almejado museu, só abrindo em algumas ocasiões especiais, como a acolhida da Imagem de Nosso Senhor dos Passos na Procissão dos Passos e Encontro na Semana Santa, Até que em 2011 quando se iniciou um restauro na Igreja do Bonfim, passou-se a celebrar as Santas Missas de terça-feira, até então celebradas na Igreja do Bonfim semanalmente e suspensas durante a pandemia.

Sobre as Festividades do Carmo, pressupõe que aconteça logo após a finalização das obras de construção da Igreja em 1754, o que justifica a vinda da imagem de Nossa Senhora do Carmo, a qual Jarbas Jaime atribui ser de origem portuguesa.

Há registros no arquivo da Orquestra Nossa Senhora do Rosário / Banda Phoenix, de peças musicais copiadas por Sebastião Pompêo de Pina Jr (Tãozico Pompêo), nos tempos das irmãs carmelitas, na qual atuavam os padres franciscanos em nossa Paróquia. Nesta época, a Festa tomou proporções ainda maiores com a criação da Confraria do Carmo, autorizada em Roma pelo Prior da Ordem do Carmo em 1947, confraria hoje inexistente.

Com as irmãs carmelitas foi introduzido impulsionado o piedoso costume de se coroar com crianças, as imagens de Nossa Senhora.

Com o fim, do colégio nossa Senhora do Carmo, a Igreja, até então usada diariamente, foi fechada. Na década de 1990, a Novena do Carmo foi realizada no Salão Paroquial, quando era Pároco o padre Joel Alves Oliveira.

Aos poucos, com o restauro da Igreja do Carmo e o retorno das celebrações nesta igreja, no dia 16 de julho, voltou-se a celebrar a Santa Missa, sendo em 2013 oficiada por padre Danilo Malta, vigário paroquial. De 2014 a 2016 foi realizado o Tríduo. A partir de 2017, com anuência do atual pároco Pe. Augusto Gonçalves Pereira, voltou-se a realização da Novena. Em 2019, foi montado um grupo para cantar os cânticos, cantados em tempos áureos da Festa. Em 2020, o Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário voltou a cantar a Santa Missa do dia 16 de julho em latim.

Artigo de Marcos Vinícius Ribeiro dos Santos. Arquiteto e urbanista, secretário da Irmandade do Santíssimo Sacramento, tenor do Coro e Orquestra Nossa Senhora do Rosário, trombonista da Banda Phoenix.

Matéria publicada em 16/07/2021 às 12:00:26.

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