27 de agosto de 2019
Por que se chama Rio das Almas?
O Rio das Almas em questão é o rio que corta a cidade de Pirenópolis, em Goiás. Muitos são os rios denominados almas no Brasil. E muitas são as histórias que os cercam. No caso do Rio das Almas de Goiás, cada localidade por onde ele corre tem sua história. Algumas, como é o caso de Pirenópolis, mais de uma.
O Rio das Almas é um rio muito importante na hidrografia goiana. Ele nasce no município de Pirenópolis, no alto da Serra dos Pireneus e corre em direção norte. Percorre vários municípios. De Pirenópolis, adentra Jaraguá, margeia Rianápolis, limita Ceres e Rialma (este leva no município o nome do rio), limita Santa Isabel e Nova Glória, adentra São Luiz do Norte e, por fim, limita Hidrolina, Santa Rita do Novo Destino e Uruaçu, desaguando no Rio Maranhão, que por sua vez forma o Tocantins. É, portanto, o Rio das Almas um dos rios da Bacia do Tocantins.
Segundo a tradição oral: “No dia 7 de outubro de 1727, uma bandeira chefiada por Manoel Rodrigues Tomáz, chegou às margens de um rio e fez uma promessa: se achasse ouro rezaria uma missa ao sufrágio das almas do purgatório. Neste dia, dia de Nossa Senhora do Rosário, achou-se ouro, rezou-se a missa, deu ao rio o nome de almas, em homenagem as almas do purgatório e fundou-se um arraial, o Arraial de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte, a atual cidade de Pirenópolis”.
A história acima, é claro, não condiz com o fato verídico, é um folclore. Tomar não era Tomar, era Tomáz. Ele não esteve na primeira leva de garimpeiros. O descoberto (como chamavam as minas não exploradas) era do bandeirante Amaro Leite e foi descoberta antes de 1727. A maioria dos historiadores reconhecem 1731 como a data de fundação do arraial de Meia Ponte. Entre outros detalhes.
Existem outras versões, não tão tradicionais, sobre o nome almas. Uma delas diz que no começo do povoamento, antes da fundação, por causa do garimpo, os mineiros se arranchavam às margens do rio. Veio uma grande enchente que matou muita gente e levou seus corpos rio abaixo. Por vários dias os moradores escutavam o clamor das almas dos corpos insepultos no rebojo da curva do rio. Pois naquele tempo acreditavam que se o falecido não tivesse o corpo sepultado e a alma encomendada, esta ficaria vagando assombrada. O rumor das almas só cessou quando resgataram todos os corpos rio abaixo e com reza e missa encomendaram às suas almas ao purgatório.
De vez em quando escutamos umas outras versões, que de tão esdrúxulas não devem ser consideradas. Isturdia, contou-me um turista de Ceres que lá em sua cidade a tradição conta que canoas subiam o rio sem tripulação, navegadas por almas. E assim vai. Acredito que qualquer história inventada se adotada vira oficial. Mas cá para nós em Pirenópolis a mais tradicional é a da missa. E que Deus tenha piedade das almas do purgatório.
Mauro Cruz é editor deste site de Pirenópolis, empresário de agência e guia de turismo regional Goiás
Matéria publicada em 27/08/2019 às 11:40:50.