08 de agosto de 2019
Há 20 anos nascia o primeiro portal de Pirenópolis
Foi exatamente em 08 de agosto de 1999 que foi criado e publicado o site www.pirenopolis.tur.br – O Portal do Turismo de Pirenópolis, o primeiro anúncio turístico de Pirenópolis na internet. De lá para cá muita coisa mudou, é claro. Há 20 anos atrás praticamente não existia turismo em Pirenópolis, e nem internet, e nem celular. Tínhamos apenas, se bem me recordo, 5 meios de hospedagem na cidade. Ninguém conhecia Pirenópolis. Olha lá aparecia um brasiliense por aqui. Goianiense, naquele tempo, muito difícil. Goianiense gostava de viajar para praia ou para o exterior e nem sabia que existia Pirenópolis. Gente de outros estados era mais raro ainda. Pirenópolis não passava de uma cidadezinha de interior, sem nenhuma notoriedade turística.
Tecnologicamente também, há 20 anos a coisa era bem diferente. Falar de internet naquele tempo era como falar grego, as pessoas ficavam olhando para a gente sem entender nada. Nem Google existia e a conexão era discada via interurbano para Goiânia, onde existia apenas um provedor, um tal de Cultura. O buscador que existia era o Cadê e quando fazíamos uma busca com o termo Pirenópolis aparecia apenas 8 ocorrências, todas textuais relacionadas a documentos do Ministério da Saúde. Lembro muito bem disso, foi uma das coisas que me motivou a fazer o site.
Apesar de desconhecida naquela época, Pirenópolis já sabia de seu potencial de turismo desde muito tempo. Antigos relatos, livros, matérias em jornais e estudos acadêmicos dissertavam sobre este potencial. Aliás, Pirenópolis e a antiga Meia Ponte sempre se portou com um destino turístico. As picadas de Goiás, todas, passavam em Meia Ponte; As famosas festas de Meia Ponte eram muito comentadas em relatos do século XIX; Comerciantes, consumidores, mercadores, artistas e toda sorte de viajantes, quando vinham a Goiás, inevitavelmente, passavam em Meia Ponte no século XIX ou Pirenópolis já no século XX; Na década de 1960, ilustres da nova capital Brasília vinham diversas vezes fazer turismo gastronômico no restaurante da Pensão Padre Rosa[1]. Portanto, era só despertar Pirenópolis adormecida, divulgar e mostrar ao mundo esta joia escondida do Centro Oeste.
Comecei com o site, na verdade, em 1997, quando mantinha uma agência de publicidade na Av. Sizenando Jaime, quase em frente a Casa Melo, ao lado da Pousada Imperial, numa casa alugada que era do Nô do Gera. Ali fizemos muitas coisas que não haviam em Pirenópolis, como o jornal Pireneus Post, cartões postais, guias turísticos coloridos, folheteria comercial, folders empresariais e muita papelaria. Acho que eu fui o primeiro a conectar na internet e a ter computadores gráficos, com impressoras e scanner, na cidade. No local chegamos a abrigar letreiristas e a Gráfica da Duilia, quando esta se mudou de Anápolis. Para fazer o site eu tinha que trabalhar depois da meia-noite, pois a conexão era discada com interurbano para Goiânia e o interurbano era mais barato das 00h00 às 6h00. As imagens tinham que ser bem reduzidas, pois demorava demais para elas baixarem. Foram praticamente 2 anos de pesquisa e coleta de material para eu criar um conteúdo publicável. Virei um rato de biblioteca, andei para baixo e para cima e entrevistei meio mundo de Pirenópolis. Trabalho gratificante que levou a me tornar guia de turismo, desde esta época.
Curioso foram algumas reações de alguns empresários. Eu sempre fui liberal, nunca dependi de dinheiro de governo. O site pirenopolis.tur.br também. Quem sempre manteve e mantém até hoje o site são os anunciantes e graças a eles podemos manter este acervo à disposição do público todos estes anos. Mas não foi fácil. Ao oferecer anúncios no site muitos rejeitavam por não entender do que se tratava. Cheguei a ouvir algo assim: “Ah! Eu sei o que é, minha sobrinha tem um, não vou querer, não”. Mais para frente fui descobrir que a tal sobrinha tinha era um e-mail. Os negócios melhoraram um pouco com a chegada, em 2001, do Bheto Rego com atur.com.br. Além de já terem-se passados alguns anos, ele fez uma boa campanha informativa, e na comparação e na concorrência também fui valorizado.
Desde seu nascimento, o pirenopolis.tur.br segue o mesmo perfil. É um site voltado ao turista, ao pesquisador e ao estudante. Seu objetivo é informar e valorizar os aspectos da cultura, do patrimônio e do meio ambiente de Pirenópolis. Tenho a graça de saber que, além de ser o mais antigo, é o mais visitado site de Pirenópolis. Mantém em média cerca de mil visitas diárias, chegando a picos de 3 a 4 mil em momentos de eventos, como as cavalhadas deste ano que em um dia de maio atingiu 4.016 visitantes.
Mas nem tudo são um mar de rosas (ou, melhor, prefiro flores de pequi). Tiveram vários momentos que tive que apelar aos amigos e empresários idealistas, que admiram e valorizam o trabalho do comunicador, como eu, que difunde valores da cultura, patrimônio e meio ambiente. Tenho-os hoje ainda muito em conta. Um deles, que anuncia até hoje conosco é o Rancho do Ralf[2]. Pessoas como Adelmo de Carvalho, Rogério Dias e Isabella Rovo também me ajudaram em momentos difíceis. Minha eterna gratidão.
Não é fácil manter um portal de informação como o pirenopolis.tur.br, que possui, até esta data, 11.032 páginas indexadas no sistema do Google. Nesses 20 anos, muita coisa mudou, e continua mudando. A tecnologia, os meios de comunicação, as linguagens, os interesses e tantas outras coisas mudaram com muita rapidez na primeira década deste século. À princípio, o site era em html bruto, era só o que tinha. Hoje, além do html, o site tem que ser responsivo e dinâmico. Empregam-se diversas linguagens de computação e tem que atender a várias exigências técnicas dos motores de busca e aplicativos. É trabalhoso. Fora a concorrência que é pesada.
Se hoje, há mais negócios em Pirenópolis do que há 20 anos, há mais concorrência também. Não só de outros sites regionais oferecendo publicidade, mas o pior são os sites internacionais com sistemas avançados e muitos recursos, como as OTAs (Online Travel Agencies: Booking; Airbnb; Tripadvisor…). Perde-se muito em termos de valorização da cultura e economia local quando o anunciante deixa de investir nos comunicadores locais e passa a investir em multinacionais. Recursos para pesquisa de conteúdo, matérias jornalísticas, informes técnicos e conteúdo pedagógico tornam-se restritos.
Por isso eu regojizo em chegar aos 20 anos sem em nenhum momento usar recurso público e sempre promovendo conteúdos de qualidade que elevem nosso conhecimento sobre cultura, patrimônio e meio ambiente. Saúdo a todos que até aqui comigo chegaram e hoje comigo estão! Agradecido!
[1] Conheça um pouco mais sobre a Pensão do Padre Rosa nesta entrevista exclusiva
[2] http://www.ranchodoralf.com.br/
Mauro Cruz é editor e proprietário do site pirenopolis.tur.br, guia de turismo e dono da Morro Alto Turismo, agência receptiva local.
Matéria publicada em 08/08/2019 às 18:49:16.