20 de novembro de 2007
O desafio do desenvolvimento de Pirenópolis e a gestação de uma favela
Há pouco fomos noticiados sobre um investimento particular de R$ 4,5 bilhões de reais, isso mesmo, quase 30% a mais do que o Brasil vai investir até 2010 em infra-estrutura de estradas pelo PAC em todo o Centro Oeste (fonte: http://www.dnit.gov.br/noticias/oestecentro) Esta notícia foi dada por diversos veículos de comunicação por ocasião de uma reunião com o Governador Alcides em 26 de outubro passado quando diretores do grupo Promobarma apresentaram o projeto Interpirineus. (A notícia saiu nos jornais no dia 26/10/2007). O projeto, haja vista, é antigo, desde os tempos do governador Marconi, e muito bem articulado. Mas só agora, depois de ser contemplado pela legislação e sem possibilidade de sofrer influências negativas da opinião do pirenopolino, é que vem a público. As opiniões divergem, mas também pudera, já dizia minha vovó: “Quando a esmola é muito boa até o santo desconfia”. Caramba! É muito mais que o governo brasileiro vai investir em estradas em todo Centro Oeste. Isso tudo em apenas uma fazenda, num empreendimento turístico para gringo se divertir jogando golfe. Pelo anunciado, serão grandes hotéis de luxo, um vasto loteamento, campos de golfe, campos eqüestres, lago para esportes náuticos, centro esportivo e toda uma estrutura urbana com equipamentos de luxo. Além de que terá também um centro tecnológico em pesquisa de biocombustível e um centro de aviação. Nem acho assim tão ruim. Apenas pergunto: Onde ficará o bairro popular dos peões de construção e dos empregados dos granfinos? Será que eles farão o bairro popular lá, nesta futura cidade, ou repetirá, nas devidas proporções, o que aconteceu com Brasília? Penso que não, virão para Pirenópolis. Os 5 mil empregos prometidos gerarão com suas famílias e agregados, padeiros e açougueiros, com certeza, um bairro de mais de 15 mil pessoas (Credo! Do tamanho de Pirenópolis), e isso apenas durante os anos da construção do empreendimento, é claro. E depois? Ganharemos uns bons 5 mil desempregados e uma bela favela? Quem sabe poderemos batizá-la de Favela Interpirineus.
O que me espanta é o fato de nossos eleitos governantes do povo fazer tudo na calada, gastar dinheiro público com asfaltos, aeroportos, postos de guardas, decretos, leis e etc para benefício de empreendimentos privados e não investir verbas em educação, saúde, esportes, lazer e no desenvolvimento da economia popular das micros e pequenas empresas, as que realmente geram empregos e distribuem rendas. Além de que, deram tudo de mão beijada, sem a menos obter uma contrapartida para minimizar os impactos ambientais e sociais que certamente irão acontecer, na mesma proporção do dinheiro investido. Onde estão as audiências públicas e os debates, obrigatórios por lei? Cadê a nossa democracia brasileira? Será que estas virão depois de tudo resolvido?
Vivemos então, em nossa época, um grande dilema: Como desenvolver Pirenópolis sem que o progresso destrua a nossa qualidade de vida? Quando olhamos para a nossa educação pública, a saúde pública em frangalhos, a falta de atividade de esporte e lazer, para livrar os jovens da ociosidade, drogas e criminalidade e a falta de fomento para o crescimento econômico das empresas pirenopolinas, é que vemos que nossos políticos eleitos representantes do povo não trabalham para o povo. Trabalham realmente para uma elite endinheirada. Portanto, pirenopolinos, hippies, alternativos e o povo de fora que mora em Piri, no ano que vem, reflita bem se vale à pena dar seu voto a qualquer político mentiroso que vão é acabar dando continuidade ao abandono da população e levar nosso dinheiro dos tributos para o luxo e ostentação deles próprios.
Pois então, está aí: Será que não teria, o governo, que abraçar os pirenopolinos primeiro, com suas reais necessidades, antes de flertar apaixonadamente com bilhões importados, prostituindo a sua real função?
Matéria publicada em 20/11/2007 às 12:57:03.