13 de junho de 2011
Sem os Mascarados esta festa acaba, esta festa tem fim
“Esta festa não se acaba esta festa não tem fim Esta festa não se acaba esta festa não tem fim Mas se esta festa se acabar, mas se esta festa se acabar Ai, meu Deus, ai, meu Deus, ai meu Deus que será de mim Ai, meu Deus, ai, meu Deus, ai meu Deus que será de mim”
Aliviados, o povo de Pirenópolis poderá amanhã, último dia das Cavalhadas de Pirenópolis, cantar com gosto essa música, ao invés de carregar cartazes com os dizeres do título desta matéria. A decisão do Juiz de Pirenópolis de numerar os Mascarados fez com que todos os Mascarados não comparecessem nos primeiro e segundo dia das Cavalhadas, mas foi suspensa ao final do segundo dia pelo Tribunal de Justiça de Goiás. Amanhã, último dia, os famosos e irreverentes Mascarados de Pirenópolis poderão sair às ruas para brincar e alegrar a festa sem a numeração.
Responsáveis por este gesto, sem dúvida, foram os mascarados e o povo de Pirenópolis, que nos dois primeiros dias vaiaram e protestaram de maneira unânime contra a decisão do juiz e mostraram a todos que a festa sem mascarados fica triste e sem brilho.
A proibição dos mascarados sem numeração mexeu fundo com os brios dos pirenopolinos, que tem a Festa do Divino Espírito Santo e as Cavalhadas o ponto alto de toda a expressão cultural de uma população firmada e com muita consciência em suas tradições e valores culturais.
Enquanto no primeiro dia as Cavalhadas de Pirenópolis foram marcadas pela ausência total dos tradicionais mascarados (vide vídeo youtube), no segundo dia os mascarados fizeram um protesto vestidos de índio, mas sem máscaras (vide vídeo youtube). Os protestos dos mascarados e manifestações da platéia foram feitas com ordem e sem enfrentamento, provando a natureza pacífica dos Mascarados e, com isso, o não merecimento da pecha de bandido, sentimento absorvido por eles pela decisão.
Feito assim, mostram os pirenopolinos o mérito do recebimento do título de patrimônio imaterial e provam que os Mascarados de Pirenópolis não são meros coadjuvantes ou apenas uma figura estética, mas tem, antes de tudo, personalidade, paixão e alma de mascarado e querem manter suas tradições com alegria e irreverência execrando interferências institucionais que maculam o caráter popular da maior festa folclórica de Goiás.
Matéria publicada em 13/06/2011 às 22:48:24.